quarta-feira, 1 de maio de 2024

centésima quadrigésima terceira página

 Escrevi muitos posts para esse blog em minha mente mas a vida tem sido acelerada demais e eu não tenho conseguido alcançar nem sua raba. Mas já teve contar que Pagu morreu. Ano passado, dia 10 de março de 2023. Ainda não superamos essa partida.

Teve também contar que um dia eu acordei e Hari tinha lavado toda a louça e isso nunca antes tinha acontecido. E eu fiquei emocionada. E isso foi ano passado 2023. 

Mas venho aqui contar que mais que tudo já são 14 anos sendo mãe de Hari e Hari sendo meu filho. Agora em abril, dia 28 Hari completou dois setênios de vida. E escrevi um post belo em sua homenagem nas redes sociais. Segue:


"Separei umas mil fotos desses 14 anos sendo mãe de Hari. Mas não cabem todas aqui. Deveria eu fazer um over posting?

Ele nasceu no fim da tarde, quando os pássaros do dia fazem um segundo de silêncio antes dos pássaros da noite pegarem o turno. Bem na hora que Maria Betânia gosta. No dia da data prevista do parto. Num parto domiciliar de 16 horas mas que foram uma era, um verdadeiro portal. Praticamente um spoiler do que estava por vir. 

Ele não é meu mini eu mas dizem que somos bem mãe e filho. Não tem sido fácil mas tem dado certo. Tem sido dolorido, tem sido alavanca, muito amor no meio e o certo tem mudado de conceito. Não vejo a hora de ele crescer de vez, mas enluto o tempo que passa tão rápido. Ficou 7 dias sem nome depois que nasceu e seu nome chegou num por do sol vermelho que nunca mais se repetiu.

Um filho muito muito esperado por mim. Eu só agradeço. Por tudo e por tanto. Virei inclusive uma mãe profissional vejam só. Meu trabalho inteiro uma tábua autobiográfica. E uma maternidade saturnina: nada de antes ficou no lugar.

Te amo filho. Só tenho imensos sonhos pra você bem como minha geração foi educada a projetar maternidades. Sigo de mãos dadas até o mundo ainda existir e através de qualquer lógica do tempo. Meu amor sideral por você."

( https://www.instagram.com/p/C6UsW7LvwLR/?igsh=c2FzYnZpeXI0dGlm )

Hari, 14 anos de vida

terça-feira, 16 de junho de 2020

centésima quadrigésima segunda página

Nosso gato morreu. Direto da vida densa desse des-tempo dessa quarentena. Quando a gente tava tanto. Nunca antes tanto.

Muita dor. Me viu por 7 vidas nesses 15 anos. Viu Hari nascer. Um rei egípcio. Uma delicadeza de presença.

Todas as bênçãos na sua nau egípcia. Um pedaço de tudo o que vivemos. Que a gente esteja sempre junto, Benné. Obrigada por tudo. Nosso amor imenso, como você é.

Hari,  10 anos de vida, na quarentena

terça-feira, 28 de abril de 2020

centésima quadrigésima primeira página



Quando a tarde caiu a luz do poste da rua acendeu. Era 17h54, a hora que Hari nasceu há 10 anos atrás. Quando ele nasceu não tinha nome. Era o bebê. Por 7 dias. Até que o nome dele veio, também no final de tarde. O sol queimando de vermelho o céu. Os fins de tarde são assustadores pra mim. Anunciam uma vida inteira pela frente. É muito mistério.
Ontem à noite a noite não acabava. De madrugada fui tomar banho. À luz de velas. Olhei pro azulejo frio. Eu estava tão sozinha. Ser mãe é tão solitário. Um medo. Não era medo. Era o portal se abrindo outra vez. Pude ver como foi que comecei esse transe que é ser mãe de meu filho. Como é ser mãe de um filho.
Quando vi o instante que o dia caiu me veio uma reza. Filho tenha coragem. Siga seu coração. Ame. Seja amado. Desejo prosperidade. Obrigada por ser meu filho. Quando eu morrer ainda vou olhar por você.
Mamãe te desejo o mesmo.


Hari, 10 anos de vida, na quarentena

segunda-feira, 8 de julho de 2019

centésima quadrigésima página


Quero estar no tempo e estar na presença. Quero não ter pressa.
Olhar seus cristais flutuantes, seus sonhos, seu choro, seu baú do futuro.
Te sinto extendido do meu útero por um fio ancestral.

(feliz dia das mães pra gente, filho)

Hari, 9 anos de vida

quinta-feira, 7 de março de 2019

centésima trigésima nona página



- filho, a mamain pulou tantooo carnaval.

- eu sei mãe. te conheço. não precisa nem falar.

Hari, 8 anos e muitos meses de vida

quinta-feira, 28 de junho de 2018

centésima trigésima oitava página


Na noite anterior ele montou quebra cabeças complicados. Sozinho. Era o mundo em partes. E lia de cabeça para baixo o nome de cada país.

Qual foi o dia que ele aprendeu isso?

No dia seguinte chegou na nova escola. Arisco.

Assisti ele enfrentando o coração batendo diante desse grande passo.
Me mantive ao lado. Silêncio.

Na escada encontrou uma amiga. Gargalhou. Foi um sopro de grito celebrante: estava em casa.
Na sequência encontrou mais dois outros amigos. Já era parte do que antes era estranho.

Na sala de aula todos se apresentando. Vi meu filho sendo recebido.
Fiquei atras dele. Ele em pé. Dignidade. Cada nome e cada idade narrada era ele um pouco mais ali.

Chorei.
Vi meu filho olhando para o novo mundo.
Fiquei atras guardiã e soltando a linha da pipa.

Logo ele sumiu. Já era um da turma.

Quando fui buscá-lo no meio do dia, apareceu com dois amigos. Os dois me disseram que era para deixá-lo. Um deles abraçou Hari, que então me sorriu.

Meu filho quisto.

No fim do dia ele já era um aluno há muito tempo. Todos os funcionários já sabiam quem ele era.
Ele: mamain quero estudar nessa escola. Tenho amigos antigos e novos.

Hari, 8 anos e 2 meses de vida

quinta-feira, 22 de março de 2018

centésima trigésima sétima página


Quando fui acordá-lo de manhã:

- bom dia amor. vamos acordar?
- psiu mamãe! tô fazendo conta!!

Hari, 7 anos e 10 meses de vida e amando matemática