não como conceito
eu como comida
comida terrestre
34 semanas
quinta-feira, 18 de março de 2010
quinta-feira, 4 de março de 2010
décima nona página
Sinto-me como se caminhasse dentro d’água.
Tenho feito caminhadas quase que diárias e me sinto como se caminhasse dentro d’água. Minha barriga está cada vez maior e mais pontuda, eu mais lenta e meu corpo todo está submetido a ela.
Eu imersa com ela.
Estar submetido a ela é uma linda forma de me submeter a alguém e cada vez mais sei que tem alguém dentro de mim.
E isso é realmente incrível.
Caminho como quem caminha dentro d’água e caminho na direção de um túnel de vida.
Não é um túnel da vida, metáfora da vida. É um túnel de vida, percurso que me leva a vida.
No fim desse túnel encontrarei meu filho, vida.
Eu não sei como será esse percurso e nem quanto tempo levará.
Sei que se trata de um profundo mergulho feminino. E sei que é preciso coragem, firmeza, saber fechar e saber abrir para percorrê-lo.
Sinto-me como se caminhasse dentro d’água.
O peso de minha barriga me faz levitar. É como se não houvesse gravidade exercida sobre mim, meus passos são deselegantes, é preciso que me dêem passagem, é preciso compreender que pesar mais, no meu caso, é pesar menos e é preciso que se veja que minha ordem é outra.
Eu imersa no que meu filho está imerso.
Estar dentro d’água é também sonhar um pouco. Meu raciocínio matemático está mais lento, a razão está menos angulosa, acordo dias de um jeito, dias de outro e já não procuro entender os porquês.
Os dias são importantes, como eu passo por eles é mais importante ainda, e é preciso que se assuma uma nova respiração.
Cada vez mais um leve torpor...
Um pouco de água e um pouco de terra.
Sinto-me como se caminhasse imersa com meu filho rumo ao nosso encontro.
E estou feliz.
Nunca a vida é tão intensa do que quando se nasce ou quando se morre.
Em algumas semanas eu verei isso tudo de bem perto.
32 semanas
Tenho feito caminhadas quase que diárias e me sinto como se caminhasse dentro d’água. Minha barriga está cada vez maior e mais pontuda, eu mais lenta e meu corpo todo está submetido a ela.
Eu imersa com ela.
Estar submetido a ela é uma linda forma de me submeter a alguém e cada vez mais sei que tem alguém dentro de mim.
E isso é realmente incrível.
Caminho como quem caminha dentro d’água e caminho na direção de um túnel de vida.
Não é um túnel da vida, metáfora da vida. É um túnel de vida, percurso que me leva a vida.
No fim desse túnel encontrarei meu filho, vida.
Eu não sei como será esse percurso e nem quanto tempo levará.
Sei que se trata de um profundo mergulho feminino. E sei que é preciso coragem, firmeza, saber fechar e saber abrir para percorrê-lo.
Sinto-me como se caminhasse dentro d’água.
O peso de minha barriga me faz levitar. É como se não houvesse gravidade exercida sobre mim, meus passos são deselegantes, é preciso que me dêem passagem, é preciso compreender que pesar mais, no meu caso, é pesar menos e é preciso que se veja que minha ordem é outra.
Eu imersa no que meu filho está imerso.
Estar dentro d’água é também sonhar um pouco. Meu raciocínio matemático está mais lento, a razão está menos angulosa, acordo dias de um jeito, dias de outro e já não procuro entender os porquês.
Os dias são importantes, como eu passo por eles é mais importante ainda, e é preciso que se assuma uma nova respiração.
Cada vez mais um leve torpor...
Um pouco de água e um pouco de terra.
Sinto-me como se caminhasse imersa com meu filho rumo ao nosso encontro.
E estou feliz.
Nunca a vida é tão intensa do que quando se nasce ou quando se morre.
Em algumas semanas eu verei isso tudo de bem perto.
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