quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

octogésima sétima página


Enquanto eu preparava o café da manhã:

"Mamãe, tem umas gentes que acham que um gato comeu minha língua, né?"

Hari, 4 anos e 7 meses de vida

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

octogésima sexta página


"Mamãe, a água da chuva é água do poço?"

Hari, 4 anos e 7 meses de vida

sábado, 22 de novembro de 2014

octogésima quinta página


Arrumando aqui detalhes para o curso que vou dar amanhã, mas queria contar que hoje fomos ao circo. Circo simples de cidade de interior.

O palhaço que faz palhaçada, no intervalo vende pipoca.
Um salto do glamour à sobrevivência.
E sem charme algum.

E foi bonito.

Hari no final disse: adorei. e tinha aquela mulher linda lá em cima no alto.

E riu muito. Muitas vezes.

Também hoje na lojinha da cidade, compramos uns bambolês e uns brinquedos desses de antigamente.
E um capacete rosa.
Rosa... ai que delicia.

Meu filho sempre gostou de rosa. Sempre. Mas um dia a irmã dele (minha enteada) disse que rosa é cor de menina e azul é de menino. Desde então ele diz que azul é sua cor preferida.

Triste azul esse assim.

Mas o capacete É rosa. E vibrei pela liberdade e por sua escolha corajosa.

Hoje ele andou de patinete, capacete e muita potência masculina de menino que não tem medo de delicadeza dentro de si.

Hari, 4 anos e meio de vida

terça-feira, 28 de outubro de 2014

octogésima quarta página


Hoje meu amor-filho faz 4 ano e meio de vida.
Tô muito emocionada e assustada como o tempo tem voado.
Em muitos sentidos.
...
É no meio desse vento-voado-ventania-as-vezes-brisa que vou aprendendo a ser mãe dessa pessoa tão especial e vez ou outra sendo filha-confusa-numa-mistura-de-infância-parceria, quando acordo e me devolvo o lugar de mãe.

Valsa.

Amo Hari, que tem provocado a potência humana em mim e é nesse investida que faço muito para a potência dele também nunca dormir.
Muitos anos e meio de vida! Muita vida e muito amor!!

Hari, 4 anos e meio de vida

quarta-feira, 18 de junho de 2014

octogésima terceira página


Amo o cheiro das manhãs.
Amo o sol.
Amo bananas.

Hari ama monstros assustadores.
Ama a cor rosa.
Ama Guigui - a cachorra lambe lambe.

Ama mamar também.

Hoje de manhã enquanto fazia coco e brincava com sua cabrinha de plástico:
"mamãe, vem aqui para eu te contar um segredo."

Sussurando em meu ouvido, me disse:
"um dia eu quero mamar numa vaca."

Então eu perguntei:
"quem me falou isso: você ou sua cabrinha?"

"meu espirito."

Hari, 4 anos e 1 mês de vida

quarta-feira, 28 de maio de 2014

octogésima segunda página


Cheio de ênfase, direto do nada, Hari:
"O que tá dentro do TEU coração, guarda na TUA cabeça"

Hari, 4 anos e 1 mês de vida

quarta-feira, 14 de maio de 2014

octogésima primeira página


"Mãe, hoje é amanhã?”
Eu respondi que não e menti. Hoje é amanhã.

Hari, 4 anos de vida



sábado, 3 de maio de 2014

octogésima página


- Mamãe, vamos brincar de esconde e esconde?

- Vamos! Vem cá que eu vou te mostrar onde vou me esconder: ali.

Você conta e vem me achar aqui.


Hari, 4 anos  e 1 mês de vida

quinta-feira, 1 de maio de 2014

septuagésima nona página


- Mãe onde tá a música do coelhinho da páscoa?

- Não sei. Acho que não temos essas musica.

- Temos sim. Olha aqui:


E pega convicto um cd do Mautner, coloca no aparelho de som e diz:

- É o coelhinho da páscoa em inglês

Hari, 4 anos e 1 mês de vida









quarta-feira, 30 de abril de 2014

septuagésima oitava página


Uns dias agitados por aqui pelos preparativos da festa de aniversário do Hari, não, do Homem Aranha.
Uma das cachorras maiores, Pagu, avançou na cachorra menor, a Rosa.

Mordeu.
Não largava e mordia mais.

Eu com toda a violência que me foi muito bem ensinada, peguei uma vassoura (dessa vez foi a vassourinha inofensiva do Hari...) e corri para cima das cachorras e bati. Batia e xingava.
Me chocava a covardia daquela cena.

A vassourinha do Hari não adiantou.
Joguei o cavalo de madeira dele montar. Joguei em cima das cachorras.

Elas pararam.

Briguei muito com a Pagu.
Disse que ela não deveria fazer isso. Nunca mais.
A prendi no canil.

Horas depois Hari com um pau batia na Guigui, sua cachorra companheira.
O pai dele o repreendeu.
Eu também, até que percebo que ele através de sua brincadeira está elaborando o que aconteceu antes.

Acolho a cena.

"Hari, eu bati nas cachorras antes porque a Pagu estava machucando muito a Rosa. Era o único jeito de separá-las. Eu não bato nelas à toa. Eu me sinto mal quando preciso fazer isso.... Mas quanto a bater na Guigui, talvez você devesse perguntar para ela se ela topa essa brincadeira. Se ela topar tudo bem. Se ela chorar, é melhor você parar. Combinado?"

"Combinado!!"

Processo elaborativo feito a quatro mãos.
Homem Aranha não bateu mais nas cachorras, mas me avisou:
"mãe, dizem que o Homem Aranha existiu no Rio Grande do Sul!!!"

Hari, 4 anos de vida

quarta-feira, 2 de abril de 2014

septuagésima sétima página


Plunkit, plakt zum e Balão "Mágicobim" (é assim que é chamado por ele) de fundo musical.

Lufe e Hari em coro.
Um compenetrado e o outro esfuziante.

(não vou dizer quem é quem aqui)

E eu dormindo na cadeira de boca aberta.
Boca aberta e dormindo por duas horas.

Tô começando a desconfiar desse dentista...

Hari, 3 anos e 11 meses de vida

sábado, 29 de março de 2014

septuagésima sexta página


Hoje fui tratar meu canal.
Três horas de consulta.

Entrei tensa. Fui relaxando.

Meu filho entre brincar sozinho e ver filme no celular, cursava odontologia enquanto eu com a boca escancarada.

Fazia mil perguntas. E Lufe, o dentista, respondia todas, com todo respeito.

Meu filho resolve que quer fazer cocô enquanto eu não posso nem piscar.
Ele vai sozinho e Lufe, além de dentista, ainda cuidou de limpar meu filho.

Sai de lá levitando.
Sofrimento ZERO.

É um super terapeuta radiônico misturado com doulo e mega dentista.

Camila Goytacaz, um recado: diz para o Lufe que foi tão bom que, diferente das outras vezes com outros dentistas, estou animada p voltar lá semana q vem.


Hari, 3 anos e 11 meses

quinta-feira, 27 de março de 2014

septuagésima quinta página


A maternidade é a experiência mais avassaladora que já vivi.

E nunca cessa. Nunca pára de me avassalar.

A quase 4 anos mal durmo. E não é só porque bebês mamam a noite ou crianças maiores sentem saudades dos pais, é porque minha cabeça fervilha vulcanicamente e meu coração virou uma fábrica de ideias apaixonantes.

Nunca antes fui tão criativa.

Nunca antes o tempo foi tão curto pra dar conta da vida fervilhante.

Eu sinto que mães são seres muito potentes, até quando choram. Até quando se sentem sem poder algum.

Eu choro muito e me sinto sem poder muitas vezes, mas meu músculo anímico tão teimoso que não páro minha máquina interna e reconheço esse mesmo gesto em todas as mães ao meu redor.

Eu amo ser mãe, mesmo quando dói. E amo as mães que vim a conhecer depois que atravessei aquele rio- parto- intenso no dia do nascimento de meu filho.

Criar uma pessoa é, para mim, a coisa mais importante que posso fazer de minha vida. E mais confusa . E que mais me separa ao meio.

Eu sinto sim saudades dos dias que eu era uma só, uma pessoa sem divisórias tão escandalosas, mas nunca antes tanta doçura, tanto riso, tanta graça na convivência com outro ser.

Ele agora deu pra fazer caretas!
(mãe, vou me esconder. vou fazer uma careta pra você. leva um susto?)

To com medo. Daqui a pouco ele faz 4 anos e me sinto me despedindo de muita coisa, até dessa foto de perfil.

Medo- coragem.
E amor.
E roda de mulheres.

Hari, 3 anos e 10 meses de vida

domingo, 23 de março de 2014

septuagésima quarta página


estamos cultivando uma semente de alguma coisa, em um copo de pinga, que Hari encontrou pela grama.

já estava com uma pequena folha despontando e um pézinho-raiz.
só.

todos os dias ele entusiasmadamente surpreende-se: mãe! olha! tá crescendo!

hoje enquanto eu dava um curso para algumas pessoas, na casa de uma delas, Hari encontrou uma cesta de flores secas.

pegou uma.

a dona da casa gentilmente disse que ele poderia sim levar a que ele escolhesse.

levou.

no carro ele me diz, outra vez entusiasmado: mãe, quando a gente chegar em casa, a gente pode colocar em um copo com água para ela crescer.

eu: sim, claro filho. aí a gente vê o que vai acontecer com ela!

é claro que eu poderia ter dito: não filho..... isso é uma flor seca. está morta. ela vai murchar. nada aí vai nascer.

só que com isso eu também estaria matando a belíssima oportunidade de ele observar isso autonomamente, passo a passo, no passo dele.

no passo que o corpo dele, junto com coração interessado pela vida, pode caminhar.
sabe caminhar.
está pronto para caminhar.

a prontidão para qualquer experimento passa pelo corpo todo, cabeça-corpo-coração.
tipo sangue.
tipo ar.

eu vou junto com ele.
segurando meu carro para não atropelar seus bois.
e acolhendo os pedaços dele, que vez ou outra chora, pelos outros pedaços de flores secas  que vez ou outra não nascem, que vez ou outra não brotam.

Hari, 3 anos e 10 meses de vida