quarta-feira, 21 de abril de 2010

vigésima quinta página

( ontem foi meu aniversário. ontem, antes de ontem, antes de antes de ontem. todos os últimos dias. acho que meu aniversário é quando todo mundo olha para mim... )

O mundo tem me olhado diferente. E curioso.
Não tem onde e nem quando, alguém do mundo não me olhe e não me diga:
“Nossa! tá nascendo, hein?!
ou
“Tudo pronto? olha a lua, hein?”
ou
“ Você não tá sentindo nada, a bolsa não estourou ainda?!”

Ainda, ainda, ainda, ainda...

É como se eu devesse uma explicação.
O mundo tá ansioso e eu nem tanto.

Eu não sei quando meu bebê vai vir.
Não me lembro.
Sei que no futuro ele já nasceu, já andou, já me deixou preocupada, já me deixou muito feliz e um monte de outras coisas que não tenho como imaginar.
Sei que seu parto está por vir, não sei da onde, não sei como e não sei que horas.
Contudo, se alguém por aí, do mundo, alguém dessas pessoas que me dizem a todo momento: “nossa, tá quase hein!” souber, favor me comunicar.
Assim ainda terei, quem sabe, alguns instantes para fazer algumas coisas pela última vez.

...

Quem sabe meditar para me preparar para o parto.
Ou rever todas as roupinhas para ter certeza que está tudo em ordem.
Chorar de medo, ou de coragem.
Avisar todo mundo, ou avisar ninguém.
Ou apenas quem sabe...
...
respirar fundo e me despedir finalmente de toda a necessidade de saber o que e quando aquilo que não tenho controle e nem tenho dimensão acontece ou está por acontecer em mim...

Acho que o mundo e eu somos um só.

Mas é bom que hoje faça sol, que hoje é dia de Tiradentes e que o mundo está, enquanto eu não apareço, ocupado com seus calendários.
(quero permanecer no silêncio da inconsciência e na privacidade do mistério que tenho vivido.)

Será que se eu sair de óculos escuros alguém me vai reconhecer?

39 semanas

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