sexta-feira, 15 de outubro de 2010

trigésima sétima página

Meu bb antropofágico come pé.
Come peito também. Mundo.
(foi p isso q veio?)

Focinho/boca/corpo inteiro, devorador contorcionista, olha também.
Olhador. Sorri e cresce como lua cheia.
Meu filho onipresente, eu já careca desdentada, sigo aos pedaços amando/amamentando esse mini monstro luzente que a tudo quer em sua nave/corpo, por osmose, absorver.

Mundo do cheiro. Mundo da cor. Mundo do som. Mundo do movimento. Mundo da diferença. Mundo novo. Re-mundo. Re.
Meu filho renasceu. Será que ele se lembra da onde veio?

Minha geladeira veio da minha infância.
Ela quer me derrubar. Ela quer.
Me olha toda vez que abro sua porta com muito cinismo.
Seus blocos de gelo “iceberguicos” petulantes crescem como se morassem em uma casa abandonada. Como se essa geladeira não tivesse cuidadores.
E não tem.
Minhas plantas também. Não têm cuidadores.
Meus cabelos idem.

Tenho sonhado com escravos egípcios.
(desculpem pelos escravos)
Imagino que pessoas com folhas imensas de bananeira estão a me abanar.
Que outras me fazem massagens ayurvédicas todos os dias, que cozinheiras fantásticas me servem refeições maravilhosas e que eu durmo e cuido do meu filho. Só.

...

A mulher é grande.
A mãe é a mulher.
Cada vez mais eu acredito mais na deusa.

Hari, 5 meses de vida

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