sábado, 22 de janeiro de 2011

quadrigésima sétima página

Hari hoje chupou seu dedão.
Charmoso.
E empinou-se todinho.
Eram lindos braços retesados.
Foi olhar sua avó de coração, Renata.

(re-nata é avó de sangue de minha filha não nata)

Do corpo de cobrinha acelerada a réptil curioso, mais uma nova: um novo dentinho apontando.
Ai que coisa.
O oitavo mês tem sido o mês do menino.
O ex-bebê está chegando.

Hari já dá tchauzinho.
Com o punho e o braço gracioso apontando para o céu, olha direto nos olhos da vítima.
Seu braço mira, gira relembrando o céu.

(olho-flecha)

Também bate palminha.
E dá beijinho.
Bicoca docinha que agrada o freguês.

(é só pedir)

Mas devo aqui dizer, e aproveitando o ensejo, porque antes tarde do que nunca, o sexto mês... tenho muito que contar.

(estou em falta com você)

Sim estou porque foi ali que muito do hoje começou.
Porque ali primeira metade importante de sua vida foi vivida.
E por isso, aí, resolvemos festejar: passamos a noite em um hotel do centro de São Paulo.

Data importante.
(chique. a cama era king size)

E foram então a cada dia muitas novidades.
(atenção aos detalhes de mãe: paciência, é prolixa a corujice)

Primeiro de novembro: sua primeira virada.
Décimo sétimo dia de novembro: descobrindo sua mãozinha, eu descobrindo seu dentinho, febre.
Querendo engatinhar.
Vigésimo segundo dia de novembro: segundo dentinho.
Sentando, aos poucos.
Olha-me e sorri.
E bravo, o coloquei no chão e bateu os bracinhos no peito.

(que graça)

Choro bravo e as perninhas lançadas ao chão.

(tudo bem por aí?)

Bom, então. As frutinhas.
Lá vai.
Corri tanto para chegar até ali, no lugar onde eu não seria mais tão imprescindível e..... ai que ciúmes da laranja lima, da banana amassadinha.

Confesso que resisti a introdução das papas salgadas.
Porque ali o passo era mais definitivo.
Eu sei q não devia ser assim, assim tão sufocante.
Eu tão exaurida, amamentação em livre demanda, capengante, um queijo suíço ofegante.
Torcicolo de mamadas que capotava sentada na cama, ansiosa já a espera da próxima mamada em poucos minutos, já poucos minutos a última terminada.
Um caco.
Mas, (mas...) a intensidade umbilical, a dupla inseparável, o, digamos, prolongamento dessa gestação extra-uterina, começava a se despedir de mim.

(puxa vida)

Então poder um pouco sair pelo mundo. Meu filho já não precisando mais tanto de mim.

(sei que sou caso de psicanálise, esse amor exagerado)

Mas sim o peso do pesar.
Meu filho, a partir dali, já não precisa mais tanto de mim.

(vontade de passear sem ter hora para voltar)

Eu me despedindo aos poucos dessa imensa barriga.
E os nós de nóis dois aos poucos cabendo separados.

Hari, 8 meses de vida

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